Hoje publicamos uma breve prosa de uma escritora pernambucana, que nos traz uma poética singela e carregada de símbolos intensos...
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PESCADOR
Sou pescador, mas não entendo nada que não vem do mar. Conheço as nuvens e suas posições, prevejo tempo melhor que jornal do dia. Sei que quando o sol ‘tá’ alto, não vem chuva. Sei que quando chove, minha menina lacrimeja também por saber: “papai pode não voltar hoje, pode não ter o que comer hoje”. Após esses dias, eu vou para mais longe. Assim, posso mapear o mar, esse que é muito grande para um pequeno barquinho como o meu. Então, levo papel para que minha imaginação seja sentida e não o meu medo de tornar o motivo da minha menina real.
Faço barquinhos de papel com minhas palavras, faço barquinhos de verdade como meu pai me ensinou. Eu não levava jeito, eu dizia, eu sou é pescador. Porém, quando ele se foi, ele deixou o costume comigo. Os barcos pequenininhos não velejam, mas quem toca neles, pode andar na sensação e no cheiro do mar, de água salgada que lava a mão, lava a alma, de areia quente que queima os pés e impede que nada seja tão bonito quanto os caranguejos e seus buracos, esses os quais os pés pisam aonde não pertencem. Esta é a praia, a minha casa. Esse é o mar, o meu lugar.
Autora: Helena Garcia
Olinda, PE
Lindoo poema e contagiante, parabebs Helena
ResponderExcluirDá para imaginar os barquinhos de papel!
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