Continuando nossa ideia de publicar textos e autoras e autores diversos, trazemos a poesia mítica e maravilhosa de uma escritora de Goiás...
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BEIJOS DE IPUPIARA
Abandonei a banzeira da vida.
Chega da dor das pedras e espinhos sociais.
Quero o mundo das águas mansas,
um paraíso de liberdade
que beija a calmaria do rio.
Meu corpo chega lânguido e quieto
nas margens estiradas do magnífico Araguaia.
Meu olhar vagueia agonizante de descanso
nas ondas das águas da poderosa boiúna.
Uma canção é sussurrada pelo Tuiuiú,
enquanto meu corpo se esparrama na areia.
Vislumbro a linda Iara que sai do florido mureré
e, em uma dança lenta, ela se transforma em mim.
Meus olhos se embriagam e vejo a sua volta
para a água transparente que dá a luz à vida
e a sereia ressurge como Ipupiara:
Sedutor homem-peixe encrustrado no imaginário.
A presença desse Tritão Tupi
chacoalha meus sentimentos amortecidos,
belisca o erótico e escorre a saliva do desejo
deixada pela excitação da Uiara em mim.
Ele sai das águas, lábios calados,
gestos molhados de luxúria,
nem impróprio, nem banal, simplesmente,
abre a intimidade e se apossa do êxtase.
Aqueles olhos cristalinos do Ipupiara,
materializado como anjo mitológico,
balança os cabelos e exala o perfume do vento.
Saboreia meus lábios e degusta meu beijo.
São beijos e mais beijos, repletos de voracidade,
acomodados na lascívia interior escorrida,
desmaiados no sol da volúpia sucumbida...
Resta desfalecer na lambida e na língua de amar.
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