Depois de publicar alguns versos indignados, quero trazer a todas e todos estrofes sonhadoras e ternas, pois nas condições em que estamos em nosso país atualmente, amar é também um ato de resistência, mesmo um amor fantasioso, distanciado da realidade...
Espero que todas e todos gostem!
SOBRE RAPOSAS E
TROFÉUS
O brilho opaco do
laço esgarçado
Mantendo o coração
em território atrofiado,
Que se espalha
pela mesmice da distância do horizonte.
A memória ilusória
de uma culpa insistente
Martela a ferro em
brasa o coração ausente,
Construindo muros
e torres de cárcere privado.
As palavras que
antes eram acalanto
Soam agora
espinhos que estrangulam a memória,
Na sonoridade
deformada do fim de uma história.
Caminho pelas
grades de um pentagrama,
Nas notas de uma
canção de acorde único, desafinado,
Ecoando lembranças
perdidas em ritmo sufocado,
Que bailam nos
salões vazios da solidão...
Tudo nessa jornada
indica solo infértil,
Onde a semente
estéril apodrece ao vento quente,
Onde a sede do
amor seca sob o céu ardente...
No entanto, quando
a lua abraça o sol,
Madrugacendo aurora estonteante,
Os campos de trigo
ressurgem em ondas de ouro vibrante.
É a palavra
delicada, esticada à duração do instante.
Uma raposa linda
abraça um velho rei,
Na tradução
inversa de uma poesia solta.
Fadas voam pelo
vento, cavalgando ostras,
Riscando o
firmamento com um azul mais turquesa.
O verde
translúcido de uma água gelarente
Subverte o jogo e
vence o tempo,
Elevando pequenas
conversas à eternidade do momento.
É um mundo surreal
de pequenas grandes melodias,
Ao redor de um
universo de fantasias desenhadas,
Onde uma sereia de
sorriso brilhavente
Banha cânticos
suaves de desejos libertados
Em oitavas, terças
e domingos em família...
Viajante antes solitário que navegava a esmo,
Entrego-me agora
abertamente a esse abraço macio.
A fragrância das
flores dos sete mares
Reúnem-se na prata
do seu olhar,
Embalando-me em
sono sorridente de filhote.
São pedaços de um
tempo que não dura,
Flexíveis na
moldura de um beijo.
São frações de um
espaço sem fronteiras,
Pulsantes na cartografia
de um sonho.
São, enfim,
explosões de poesia plena,
Que espalham
versos em lugar ilimitado,
Alimentando com
rimas preciosas o coração reencontrado...
E o que era antes
um passado de dureza,
Jogos de guerra em
fim de feira,
É agora música de
pulsão multidiomática,
Na vitória da paixão e da beleza...
Autor: Roman Lopes
Guarulhos - SP
Escrito em 2017
Este poema é uma explosão de poesia.
ResponderExcluirMuito obrigado, Anderson!
ExcluirLindo!
ResponderExcluirMuito obrigado, Janethe!
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