terça-feira, 20 de abril de 2021

CANTO DO POVO DE LUGAR ALGUM

 Apesar da distância temporal de 17 anos, penso que esse poema ainda diz algumas coisas necessárias... Caso eu o escrevesse nesse momento da vida, certamente as palavras seriam outras... Porém, as ideias aqui colocadas ainda fazem, infelizmente, parte da nossa realidade!

Espero que todas e todos gostem!

Ajudem-nos a ampliar o nosso público, compartilhando nossas publicações com quem vocês conhecem!

Há braços!


CANTO DO POVO DE LUGAR ALGUM

 

O homem vivia sentado na caverna,

Com uma fogueira às suas costas,

Vendo sombras projetadas na parede.

Um dia, o homem levantou,

Deu as costas para as sombras

E viu a realidade.

E ele sentiu medo,

E criou Deus.

Aí ele adorou Deus,

E teve medo de Deus,

E pediu para Deus lhe dar a vida.

Mas Deus só lhe deu a imperfeição...

 

O perfume está na flor,

A beleza está no sorriso da criança

E Deus não está em nenhum lugar,

Pois se estivesse,

O sorriso não se apagaria

E a criança não se transformaria

No malabarista da mentira,

Andando na corda bamba

Das esquinas da miséria,

Vivendo o filme-ilusão

De que para ter sucesso, basta ter vontade.

E a criança fica só na vontade...

 

Mas por que eu estou dizendo isso?

Qual a relação da criança com a sombra na caverna?

Talvez eu tenha me perdido no meio do caminho,

Porque no meio do caminho tinha uma pedra,

Como dizia o poeta...

Mas, querido poeta, a pedra é muito maior

Do que você imaginou.

A pedra é, na verdade, uma montanha

De lixo-dinheiro

Que esmaga nossa pureza

E nos transforma em almas penadas,

Vagando na bruma podre,

À procura do túmulo-trono,

Onde nos sentamos

Para sentir o falso prazer do poder...

 

Por que será que Platão, ou Sócrates, ou Aristóteles,

Ou seja lá que raio de grego que disse isso,

Achava que deixar as sombras

E ter contato com a realidade

Era conhecer a verdade?

 

Estamos tão longe dela,

Tão próximos das crianças-malabaristas

E tão distante do perfume das flores.

Estamos tão próximos dos túmulos

E tão distante dos sorrisos...

 

A única coisa que eu quero

É que um dia tenhamos coragem

De virar as costas para o Deus-realidade

E que possamos contemplar as sombras que existem

Na luz do fim do túnel.

Autor: Roman Lopes
Guarulhos - SP
Escrito em 2004

Share:

4 comentários:

  1. Sim! Muito atual. Doce ilusão pensar que "...ter contato com a realidade

    Era conhecer a verdade"

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Muito obrigado por suas palavras!
      Penso que essas ilusões são bastante amargas...

      Excluir
  2. Lamento não conseguir ler tudo porque não tenho capacidade para entender a formatação do blog. Pelo pouco que li, creio que há muita coisa relevante.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá, Ilson!
      Não conseguimos entender o seu comentário!
      O texto todo está aqui nessa postagem...

      Excluir

EDITORA A LITER AÇÃO

EDITORA A LITER AÇÃO
Clique na imagem para visitar o site da nossa editora

INSTITUTO A LITER AÇÃO

INSTITUTO A LITER AÇÃO
Clique na imagem para conhecer nosso curso

REVISTA FLUXOS

Tradutor

QUEM SOMOS?

Espaço destinado a aventuras literárias e artísticas diversas... O nosso objetivo é o compartilhamento das palavras, das ideias, das experiências... Sempre como travessias em fluxos de devir...

Total de visualizações de página

O blog pelo mundo

Seguidores